O que é, e porque importa a Inteligência Emocional?

Grande parte de nós já ouvimos falar do QI, ou seja, o Quociente de Inteligência, mas além deste conceito existe o Quociente Emocional, o QE, que é uma capacidade flexível e que podemos aprender. Mas o que é afinal a Inteligência Emocional?

“Inteligência Emocional é a nossa capacidade para reconhecer e compreender emoções em nós próprios e nos outros, e é também a capacidade para usar esta consciência na gestão do nosso comportamento e das nossas relações”.

– Daniel Goleman

É uma forma de ver a inteligência além dos seus aspectos cognitivos, como sendo a memória e resolução de problemas. Quando se fala em Inteligência Emocional, fala-se principalmente da nossa capacidade de nos dirigirmos efetivamente aos outros e a nós mesmos, de nos conectarmos com nossas emoções, de geri-las, de auto motivá-las, de controlar os nossos impulsos e de superar frustrações.

O QE é um pilar para um conjunto de capacidades críticas, é o maior indicador de desempenho no local de trabalho e o impulsionador mais forte da liderança e da excelência pessoal (2). É portanto uma competência útil e importante para qualquer Ser Humano que se dá com outros Seres Humanos, e que nos pode ajudar a ter maior tranquilidade e qualidade de vida no que toca à nossa vida mental e emocional. Por outro lado, o conjunto do QI e do QE é uma das melhores formas de ter uma visão da pessoa no seu todo (2).

Para saber mais sobre estes temas, deixamos abaixo a sugestão de alguns dos livros de um dos mais reconhecidos autores relativamente à temática da Inteligência Emocional. Daniel Goleman começou como jornalista no The New York Times, e hoje é considerado “O guru” da Inteligência Emocional. Entre os diversos livros que escreveu dentro da temática, temos:

     

    Goleman explica que existem quatro dimensões básicas, na sua abordagem da inteligência emocional:

       

        • Autoconsciência

        • Automotivação

        • Consciência social e empatia

        • Gestão de relações

      Porque importa a Inteligência Emocional?

      Todos os dias, cada um de nós, Seres Humanos, temos de lidar com dezenas, senão mesmo centenas de pessoas no nosso dia-a-dia: no trânsito, no trabalho, na vida pessoal, na ida às compras, no ginásio ou na clínica médica. Quanto melhor conseguirmos termos consciência e assim lidar com as emoções, tanto melhor e mais tranquila será a nossa mente e a nossa saúde emocional.

      O desafio diário de lidar eficazmente com as emoções é crítico para a condição humana, pois os nossos cérebros estão programados para dar prioridade às emoções. Isto funciona da seguinte forma: tudo o que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos e saboreamos viaja pelo nosso corpo através de sinais elétricos, até chegar à estação terminal, o cérebro. O problema é que, pelo caminho, estes sinais passam pelo sistema límbico (lugar onde são geradas as emoções), o que faz com que a emoção venha antes da razão, ou seja, vamos sentir as coisas antes de pensar sobre elas (1).

      Ora, de acordo com os estudiosos desta temática, a origem física da inteligência emocional relaciona-se com a comunicação entre o nosso “cérebro” emocional e o racional (ainda que não exista uma diferença física entre eles). É dito que todas as nossas emoções derivam de cinco sentimentos centrais: alegria, tristeza, fúria, medo e vergonha. Quanto mais intensas as emoções, maior a probabilidade de estas ditarem as nossas ações.

      Já terá acontecido à maioria de nós, estarmos no meio de uma situação em que dizemos algo “de cabeça quente” que mais tarde nos apercebemos (e às vezes nos arrependemos) e gostaríamos de não ter dito, ou de ter dito de outra forma, mais assertiva e construtiva. Mas porque acontece isto afinal? De “ter o coração ao pé da boca”, como se diz na gíria.

      As emoções são interpretações dos sentimentos, por sua vez, os sentimentos que temos emergem do nosso sistema motivacional. A primeira reação a um acontecimento será sempre uma reação emocional, significa portanto que o que podemos controlar são os nossos pensamentos, que se seguem a uma emoção – desde que tenhamos consciência delas (2). Ou seja, quanto mais profundamente o nosso sistema motivacional estiver empenhado numa situação, mais fortes vão ser os sentimentos (3). Muitas pessoas tentam passar por cima dos sentimentos negativos em vez de tentar compreendê-los – o chamado “deixa lá isso” ou “esquece lá isso”. No entanto, de acordo com os entendidos na matéria, termos essa atitude é estar a perder a oportunidade de receber e interpretar essa valiosa informação.

      Quatro Dimensões da Inteligência Emocional

      1. Autoconsciência

      A autoconsciência é a capacidade de entendermos corretamente as nossas próprias emoções no instante em que ocorrem e de compreender as nossas tendências no decurso das situações. Refere-se à nossa capacidade de compreender o que sentimos, de estar conectado aos nossos valores, à nossa essência. Implica estarmos a par das nossas habituais reações a determinados acontecimentos, desafios e pessoas (2).

      Um grau elevado de autoconsciência implica que estejamos dispostos a tolerar o desconforto que vem do facto de nos focarmos em sentimentos que podem ser negativos (2). Requer grande dose de introspecção e também capacidade para interiorizar o feedback que vamos recebendo de colegas, amigos e familiares.

      As emoções servem SEMPRE um propósito. As situações geradoras de emoções fortes exigirão sempre maior reflexão.

      As pessoas com uma elevada autoconsciência são admiravelmente claras na sua compreensão daquilo que fazem bem, daquilo que as motiva e as faz felizes (2).

      O lado negativo da autoconsciência é que, em excesso, pode reduzir a autoestima. Pode levar a que uma pessoa tenha tendência a ser realista em vez de optimista, e insegura em vez de confiante. Já o inverso não é verdade: uma pessoa autoconfiante e optimista, não tem obrigatoriamente uma elevada inteligência emocional (3).

      “A Consciência Precede a Mudança.”

      2. Autogestão

      É o que acontece quando agimos ou não agimos, e está dependente da nossa autoconsciência. A Autogestão é a capacidade que temos de usar a consciência das nossas emoções para permanecermos flexíveis e direcionarmos o comportamento de maneira flexível, conseguindo por isso orientar-nos em direção aos nossos objetivos, de nos recuperarmos de contratempos, e de gerir o stress.

      Quando as coisas correm mal na nossa vida, temos tendência a ser o nosso principal inimigo. Daniel Goleman sugere-nos que tenhamos autocompaixão, pois a autocompaixão também está consistentemente relacionada com uma ampla gama de medidas do bem-estar emocional, como por exemplo o otimismo, a satisfação com a vida, a autonomia e a sabedoria, e ainda com a redução do stress, da ansiedade e depressão.

      Em suma, precisamos de nos tratar como trataríamos um amigo, com simpatia e apoio.

      3. Consciência Social

      A consciência social é a capacidade que temos para detectar corretamente as emoções nos outros, e para compreender o que se está a passar com eles. Se olharmos para dentro, certamente conseguiremos reconhecer que é fácil sermos apanhados nas nossas próprias emoções e esquecermo-nos de ter em consideração, ou de ponderar o que se estará a passar na vida da(s) outra(s) pessoa(s).

      No que toca a esta área, ouvir e observar são os elementos mais preponderantes.

      Tente lembrar-se de uma conversa que tenha tido há pouco tempo. Se tiver consciência de toda a conversa, poderá aperceber-se que o seu interlocutor poderá tê-lo interrompido antes de o leitor terminar a sua frase (ou vice-versa, também), isto porque a tendência do nosso cérebro é terminar as frases ainda antes de as ouvirmos, é de antecipar o que o outro está prestes a dizer ou fazer.

      Para desenvolvermos a consciência social temos de parar de falar, parar o monólogo interno das nossas mentes, parar de antecipar a conclusão que a outra pessoa dirá, ouvindo e observando mais.

      4. Gestão de Relações

      A gestão de relações é a nossa capacidade para usar a consciência da presença das emoções, as nossas próprias e as dos outros, e de com isso gerir interações com sucesso. Consegui-lo assegura-nos uma comunicação clara e um tratamento eficaz de conflito.

      As relações sólidas resultam da forma como compreendemos as pessoas, de como as tratamos e da história que com elas partilhamos. Se queremos ser ouvidos, temos de praticar a gestão das relações e de procurar benefícios em todas as relações.

      Do ponto de vista laboral, os conflitos tendem a exacerbar-se quando as pessoas evitam problemas atuando passivamente (ou pelo contrário quando não conseguem gerir a fúria ou frustração e acabam a descarregar em alguém), porque lhes faltam as competências necessárias para iniciar uma conversa direta e construtiva.

      Plasticidade é o nome que se dá à capacidade de mudança do nosso cérebro, em concreto “neuroplasticidade“. Como em muitas outras coisas na vida, a mudança não é de um dia para o outro, a mudança é gradual, e por isso é necessário praticar, praticar, praticar, repetidamente, até que aquilo que pretendemos mudar seja já parte de nós e da nossa personalidade, possivelmente ao final de uns meses ou anos.

      Autoconsciência
      • Inicie um diário com as suas emoções.
      • Pare e questione-se sobre a razão pela qual faz o que faz.
      • Conheça-se a si próprio sob stress.
      • Conheça os seus valores.
      • Pare de tratar os seus sentimentos como bons ou maus, apenas são o que são.
      • Aproxime-se do seu desconforto.

       

      • Respire corretamente.
      • Crie uma lista: emoção versus razão.
      • Conte até 10.
      • Durma sobre o assunto.
      • Converse com um auto gestor proficiente.
      • Assuma o controlo do seu diálogo interior.

      O Mindfulness, também conhecido como Atenção Plena, pode ajudá-lo a lidar com sua situação atual e encontrar maneiras de lidar com cada aspecto. Por exemplo, a respiração profunda (como falámos acima) permite-nos permanecer no presente e ter mais controle para recuperar o equilíbrio da mente e do corpo (num outro artigo falaremos mais sobre esta técnica).

      Para praticar a atenção plena, há alguns princípios a ter em consideração:

      • Não julgamento
      • Paciência
      • Mente de principiante (begginer’s mind)
      • Sem esforço
      • Aceitação
      • Deixar ir

      Meditação é uma prática com a qual nem todas as pessoas se sentem confortáveis, mas pode ser eficaz se bem usada. A meditação não está necessariamente associada a alguma religião, mas pode estar relacionada a outras formas de prática. A falta de energia é um fator comum associado à saúde mental. A meditação pode ajudar nos desafios associados à saúde mental, oferecendo abrangência e foco, pois pode praticar-se a respiração profunda e os movimentos corporais para fornecer energia. Pequenas mudanças podem levar a grandes melhorias.

      A música é uma estratégia altamente subjetiva, mas foi comprovada em pesquisas para ajudar a elevar o humor e as emoções.

      Além de tudo isto, o uso da prática reflexiva é vital. A prática reflexiva irá facilitar e apoiar os processos. Terapeuticamente, a psicologia pode constituir uma excelente forma de obter ajuda nesse processo.

      A Meditação é uma prática com a qual nem todas as pessoas se sentem confortáveis, mas pode ser eficaz se bem usada. A meditação não está necessariamente associada a alguma religião, mas pode estar relacionada a outras formas de prática. A falta de energia é um fator comum associado à saúde mental. A meditação pode ajudar nos desafios associados à saúde mental, oferecendo abrangência e foco, pois pode praticar-se a respiração profunda e os movimentos corporais para fornecer energia. Pequenas mudanças podem levar a grandes melhorias.

      A música é uma estratégia altamente subjetiva, mas foi comprovada em pesquisas para ajudar a elevar o humor e as emoções.

      Além de tudo isto, o uso da prática reflexiva é vital. A prática reflexiva irá facilitar e apoiar os processos. Terapeuticamente, a psicologia pode constituir uma excelente forma de obter ajuda nesse processo.

      Chegamos assim à conclusão de que é muito importante tornarmo-nos mais autoconscientes e capazes de gerir as nossas emoções. Mas como poderemos tornar-nos mais conscientes das nossas emoções, sentimentos e pensamentos? Veja abaixo algumas sugestões feitas pela
      Harvard Business Reviews (3):

      Quando tiver pensamentos negativos abrande, preste atenção ao que está a sentir e o porquê de estar a senti-lo.
      Se se sentir tenso, pare 10 minutos (ou 5, ou 1 minuto que seja), sente-se sozinho, e respire fundo. Respirar fundo e tranquilamente ajuda-nos a ter maior clareza mental.
      Veja o nosso artigo sobre Dor Crónica onde apresentamos a estratégia da respiração quadrada.
      Pense em alguns acontecimentos do seu dia. Preste atenção a como esses pensamentos influenciam o que está a sentir (por vezes acontece ter uma reação mais emotiva como chorar ou sentir raiva, ou frustração – significa que tocou em algo importante). Pode não compreender a fonte dos seus sentimentos nas primeiras vezes que fizer este exercício, mas com o tempo tornar-se-á mais hábil e mais consciente, que é o objetivo.
      Dê nomes às suas emoções: alegria, amor, ansiedade, arrependimento, ciúme, culpa, desilusão, frustração, gratidão, humilhação, inveja, julgamento, luto, medo, preocupação, raiva, saudade, solidão – é um primeiro passo importante para saber lidar com elas.
      Só quando percebemos o que nos incomoda é que podemos delinear um plano de acção para lidar com a situação. Se estiver de cabeça quente, pode ser útil deixar passar algum tempo até descobrir como lidar com a situação de forma mais tranquila e assertiva.

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      Referências

      https://exploringyourmind.com/daniel-goleman-and-his-theory-on-emotional-intelligence/
      Bradberry & Greaves. Inteligência Emocional 2.0.
      Guia HBR. Inteligência Emocional.

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